Em Cuiabá, três da tarde, está um calor do inferno, o trânsito parado, completamente congestionado.
Em fila dupla, um ao lado do outro, estão uma Mercedes, com madame atrás e motorista, e uma Kombi, com um homem todo suado e cara de poucos amigos. O homem xinga a todo momento, buzina, faz uma zona por causa do congestionamento, até que a madame baixa o vidro da Mercedes e diz:
-“A paciência é a mais nobre e gentil das virtudes!” - Shakespeare, em “Macbeth”.
O homem não deixa passar de graça:
-“Vá tomar no c*!” - Nélson Rodrigues, em “A vida como ela é”.
2 comentários:
Sempre ouvi dizer que não há palavrões na literatura do Nelson, mas que as situações narradas por ele invariavelmente fazem as pessoas a pensar neles... Nunca confirmei essa lenda, mas até que ela faz sentido. Nelson, pra mim, é um grande moralista. Um moralista transgressor, mas um moralista.
É, mais não foi bem isso que eu respondi àquela vaca fresca de ar condicionado, não. Na real o que eu lhe gritei foi: Foda-se as virtudes, foda-se a sua nobreza, foda-se Shakespeare, e você sua mocréia velhota, como não te fodo por pura pirraça, FODA-SE!!!
Não foi minha intensão mas
ela fez cara de tesão.
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