segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A CONFRARIA DOS ATORES apresenta A BOLSA AMARELA de Lygia Bojunga

Ilustração de Maria Louise Nery para o Livro A Bolsa Amarela
Ilustração de Maria Louise Nery para o Livro A Bolsa Amarela
Ilustração de Maria Louise Nery para o Livro A Bolsa Amarela
Ilustração de Maria Louise Nery para o Livro A Bolsa Amarela



Projeto Poesia, Versos e Cordas - SESC Arsenal

Sinopse
De dentro da bolsa amarela da pequena Raquel saem personagens fantásticas, que constroem grandes aventuras intensificadas por suas vontades reprimidas. A Bolsa Amarela é a história de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família. Sensível e imaginativa nos conta seu dia-a-dia, juntando o mundo real com o mundo criado por sua imaginação fértil, povoada de amigos secretos e fantasias.

Da escolha da autora e da obra

A Confraria dos Atores que em sua filosofia tem a missão de levar até seu público idéias que façam com que ele questione e reflita sobre seu modo de viver, encontrou no texto de Lygia Bojunga uma forma positiva e lúdica de oportunizar conteúdo e provocações, que alimentem o debate e as relações com seus interlocutores.
O livro A Bolsa Amarela foi escrito no auge da Ditadura Militar, momento no qual a oposição ao governo era fortemente reprimida. As pessoas não tinham liberdade de expressar publicamente a sua crítica ao governo, não tinham o direito de ir e vir quando quisessem e para onde interessassem. Como escritora Lygia Bojunga não sofreu repressão por parte dos militares, pois, por ser considerada autora infantil, seus textos não sofriam cortes ou vetos. Apesar disso, ela construía um mundo alegórico em que personagem e atitudes aparentemente inocentes possuíam um alto e sutil teor ideológico.
Mergulhados nas tramas que Lygia Bojunga cria em torno da personagem Raquel de seu livro – A Bolsa Amarela, a Confraria dos Atores se coloca no desafio de traduzir em sons e palavras faladas, a magnitude da crítica sutil presente em sua obra. A montagem levará para o palco uma adaptação do romance fixando-se nos momentos mais importantes, para que o público tenha acesso à essência da história. 
A música, composta exclusivamente para a montagem, será executada ao vivo, experimentando arranjos que criam um cenário sonoro, que colabora com a ambientação das aventuras vividas pela nossa personagem.

Sobre LYGIA BOJUNGA

Escritora brasileira nasceu em Pelotas no dia 26 de agosto de 1932 e cresceu numa fazenda. Aos oito anos de idade foi para o Rio de Janeiro onde em 1951 se tornou atriz numa companhia de teatro que viajava pelo interior do Brasil. A predominância do analfabetismo que presenciou nessas viagens levou-a a fundar uma escola para crianças pobres do interior, que dirigiu durante cinco anos. Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão, antes de debutar como escritora de livros infantis em 1972.
Num continente que se tornou conhecido por seu realismo mágico e contos fantásticos, a literatura infantil brasileira caracteriza-se por uma acentuada transgressão dos limites entre a fantasia e a realidade. Para ela, o quotidiano está repleto de magia: onde brotam os desejos tão pesados que literalmente não é possível erguê-los, onde alfinetes e guarda-chuvas conversam tão obviamente como os peões e as bolas, onde animais vivem vidas tão variadas e vulneráveis como as pessoas. Imperceptivelmente, o concreto da realidade transforma-se noutra coisa, não num outro mundo, mas num mundo dentro do mundo dos sentidos, onde a linha entre o possível é tão difusa como fácil de ultrapassar. A tristeza vive com Bojunga juntamente com o conforto, a calma alegria com a estonteante aventura e no centro da fantasia da escrita está a criança, muitas vezes sozinha e abandonada, sempre sensível, sempre cheia de fantasias. Os sonhos inflados de Raquel em A Bolsa Amarela, 1976, são literalmente perfurados por um alfinete, e transformados em pipas de papel que voam para bem distante à mercê dos ventos.
Bojunga (que costuma apresentar-se em público com monólogos dramáticos) tem o dom da narrativa oral que prende o leitor logo na primeira página. Também escreveu peças teatrais e gosta de usar descrições cênicas. Bojunga entra sem medo no domínio dos adultos, na sua escolha de justificativas encostando-se com todo o direito à sua enorme capacidade de concretizar e personificar as sombras interiores em histórias fáceis de entender, equilibrando-se com perícia na linha entre o humor e o sério.
As obras de Bojunga estão traduzidas para várias línguas, entre as quais francês, alemão, espanhol, norueguês, sueco, hebraico, italiano, búlgaro, checo e islandês. Recebeu vários prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti (1973), o prestigiado Prêmio Hans Christian Andersen (1982) e o Prêmio da Literatura Rattenfänger (1986).

Da Confraria dos Atores
Surgida em 2004, na cidade de Cuiabá, a Confraria dos Atores é uma companhia que visa aprimorar o contato entre o ator e a plateia, transformando essa característica numa das principais do grupo. Em cada trabalho a presença do ator enquanto criador do processo cênico é marcante, sempre tentando aproximar o público do trabalho e transformá-lo em agente instigador da pesquisa. A companhia, que em sua filosofia prega o teatro como instrumento de descobertas, pretende estabelecer com seu público uma relação de troca. Ao passo que leva materiais para que ele possa se questionar, a própria companhia se transforma ao receber dele o estímulo necessário para estabelecer esse ritual cênico. Para a Confraria dos Atores o ator-criador é sempre o principal esteio do trabalho. A companhia vê o ator como “(...) retrato nu do homem, exposto a qualquer transeunte, silhueta elástica (...)” conforme desenhou Tadeusz Kantor no Lê Theâtre de la Mort.

Serviço:
Poesia, Versos e Cordas: A Bolsa Amarela – Lygia Bojunga
Data: 27 de outubro de 2010
Horário: 15h e 20h
Local: Teatro do SESC Arsenal
Entrada Franca
Informações: (65) 3616-6901 / 8407-1184
www.confrariadosatores.blogspot.com
confrariadosatores@gmail.com
@ConfraDosAtores

terça-feira, 5 de outubro de 2010

BENONE LOPES conversa no CABEÇA ATIVA sobre A HISTÓRIA DO TEATRO EM MATO GROSSO


Manifestações teatrais nas terras onde o ouro brota do chão: as artes cênicas em Mato Grosso no séc. XVIII



O cuiabano está acostumado com a falsa idéia de isolamento cultural. A vida no sertão, o interior da
América do Sul, e a distância geográfica nos fez acreditar que Cuiabá esteve apartada da arte e cultura dos grandes centros europeus. As pesquisas, já consagradas, sobre a história do teatro de Alcides Moura Lott e Carlos Francisco Moura nos provam que não! O Mato Grosso setecentista viveu uma vida plena de cultura impulsionada por festas populares e manifestações teatrais que criaram uma teia de influências culturais. Esta última é resultado direto da vivência de teatro e de ópera existente na Europa, do mesmo período, e que embarcaram na cultura lusitana de apresentações artísticas dentro de navios e embarcações fluviais até chegar ao sertão que erroneamente foi creditado como isolado. Aqui, nesta terra governada por funcionários de alto escalão da coroa lusitana, este teatro, religioso ou profano, encontrou palco e público para comédias, entremezes e óperas que juntas formaram um número de apresentações superiores ao do resto do Brasil. Vamos visitar um pouco destas práticas teatrais, para compreender como se dava o teatro no Mato Grosso colonial; também, nestes encontros, vamos entender a trajetória da cultura teatral nestas terras; e, por fim, visitar alguns trechos de peças teatrais que foram apresentadas naquele mesmo momento.

Cabeça Ativa - Sesc Arsenal
Dias: HOJE, 19 e 26 de outubro, 19h.