terça-feira, 16 de setembro de 2008

Sobre defensores e indefensáveis

De acordo com o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, um dos significados da palavra “sindicato” é o seguinte: “associação, para fins de estudo, defesa e coordenação de seus interesses econômicos e/ou profissionais, de todos os que (na qualidade de empregados, empregadores, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais) exerçam a mesma atividade ou atividades similares ou conexas”.

Chamo atenção para a palavra “defesa” empregada na definição acima. Para mim sempre foi claro que o principal trabalho das entidades sindicais era relacionado à defesa dos interesses de seus representados. No entanto, o que se vê em relação ao Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de Mato Grosso – SATED/MT é um pouco diferente. Neste caso, o que se observa com freqüência é o presidente do SATED/MT, Nestor Defletas, tendo que se defender de acusações e reivindicações feitas pelos próprios artistas da classe.

Lembro-me bem que em 2003, época em que eu fazia a transição do teatro amador para o mercado profissional, participei de encontros com diversas companhias de teatro que se mostravam insatisfeitas com a atuação do SATED/MT. As queixas, à época, diziam respeito à cobrança abusiva de taxas dos amadores, às ameaças de embargo de espetáculos e ao fato de que o dinheiro arrecadado pelo sindicato não retornava à classe em forma de benefícios como cursos de reciclagem e oficinas. Muito foi discutido e o assunto até chegou à imprensa, mas aos poucos o burburinho diminuiu. Desanimamos ao perceber o tamanho da burocracia que teríamos de enfrentar para eleger um novo representante no sindicato.

Mesmo não tendo nossas demandas atendidas naquele ano, eu e meus colegas seguimos em frente e acabamos por nos acostumar a trabalhar sem qualquer apoio do sindicato. Hoje podemos nos orgulhar por termos crescido bastante enquanto artistas e empreendedores. A cena cultural da cidade desenvolveu-se de lá pra cá com novos cursos, novas companhias e novos fóruns de debate que se abriram para nós. O Movimento de Teatro, fórum criado por artistas de teatro, por exemplo, destacou-se por ações como a criação da Mostra Curto-Circuito de Teatro e a participação direta na elaboração do mais novo Edital da Lei Municipal de Cultura de Cuiabá.

Porém, entre avanços e novos desafios, a questão da representatividade do nosso sindicato continuou pairando sobre nós. Dispostos a retomar o debate com a entidade, convidamos este ano Nestor Defletas a se reunir com a classe para discutir sobre a criação de uma tabela de preços para a categoria. Ele se dispôs a marcar uma reunião com o Movimento de Teatro, que logo tratou de definir a data, o horário, o local e convocou os interessados. Para nossa surpresa, quando tudo parecia acertado, dois dias antes da reunião, Nestor resolveu recuar do convite alegando que não havia sido comunicado de que se tratava de uma reunião do Movimento de Teatro e que dessa forma ficariam suprimidas a plenária da categoria e a pauta antes proposta.

Gostaria de dizer que fomos surpreendidos pelo ato cínico e desrespeitoso escolhido pelo nosso “representante” para fugir do debate, mas a verdade é que esse tipo de comportamento defensivo tem sido uma constante no trabalho de Nestor. Resta-nos, novamente como há cinco anos, dar continuidade aos nossos trabalhos sem a perspectiva de qualquer apoio do SATED/MT. Certamente estamos frustrados, mas nós artistas não esmoreceremos diante dessa resistência. Até porque, verdade seja dita, se por um lado o SATED/MT não nos representa de fato, por outro lado ele tem o mérito de provocar a união dos artistas. Digo isto, pois artistas de idades, estilos, linguagens e métodos variados fazem uníssono quando o assunto é a defesa dos interesses da classe contra as contradições e burocracias do nosso querido sindicato.

A atuação do próprio Movimento de Teatro e a criação da Cooperativa de Comunicação, Cultura e Arte – COCCAR são alguns sintomas de que a classe não está esperando de braços cruzados que as coisas melhorem sozinhas. A abertura de cooperativas, fóruns, associações, coletivos etc., sinaliza a busca da classe por mecanismos diversos de representação. Felizmente, o artista de artes cênicas de Cuiabá pode vislumbrar hoje um horizonte mais amplo de entidades abertas ao diálogo e comprometidas com o desenvolvimento do nosso mercado de trabalho. Diante dessa conjuntura não é de se admirar que muitos profissionais recusem-se a pagar as mensalidades do SATED/MT por entenderem que não há vantagem nenhuma na sindicalização.

É claro que os avanços são lentos e os percalços muitos, mas pela defesa de interesses coletivos e legítimos todo trabalho vale a pena. Com esse pensamento continuaremos avançando, sempre prontos para nos defender de quem quer que esteja atrapalhando o desenvolvimento de nosso trabalho, mesmo que isso signifique fazer oposição à entidade que deveria estar ao nosso lado nos auxiliando na defesa de nossas causas.

Talita Figueiredo

Um comentário:

Anônimo disse...

Gente enquanto não tivermo o DRT este e outros sated não vai nos ouvir, mas como amador que sou estou vendo as possibilidades de tirar o drt tanto que estive em Curitiba e falei com um tal de Crysto e o mesmo me disse que so poderia tirar o DRT com a autorisação do sated de MT mas eu fei que não concordava com os criterio e o mesmo disse que foi a categoria quem aprovo em uma assembleia do sated, agora como podem dificultar a entrada nesta categoria ai inves de pensar em fortalecer, e o pior o mesmo disse que o sated de MT é um dos que mais tem facilitado a entrada de proficionais no mercado RJ e SP e que tem proficionais de Cuiaba com cotratos na Record Globo e tem no minimo uns de 10 a 15 no SPFW e na semana de moda do RJ, e tem muita gente fora do Brasil, e que agora este SATED esta cadrastrando proficionais para ganharem casa da Caixa, gente eu tambem quero ter estes direitos, como pode este sindicato ter um casarão daquele tamanho tem muitos proficionais pagando o sated para ter aquele estrutura e tem gente que não esta falando a verdade e dis que odeia o sated mas tá participando. sera que nós não estamos sendo usado como massa de manobra para fomentar a discordia entre nós mesmo, como disem um viadinho no armario é capas de colocar fogo na roupa so para chamar os bombeiros sarados.

Roberto Barbosa - Ator tentando tirar o DRT